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A Diversidade do Espaço

Os contrapontos de uma mesma identidade de ocupação

Por Marina Prates

               Não é difícil explorarmos alguns lugares em São Paulo. Adentrando um pouco mais no Bairro – nada invisível – do Morumbi, chegamos a uma grande comunidade, na zona Sul que abriga aproximadamente 43 mil habitantes. É possível chegar e descobrir o que essa comunidade Paraisópolis tem para nos apresentar. Não é invisível, até já foi tema de novela, mas tudo daquela forma romantizada que conhecemos. Casal romântico, um chefe do tráfico, os bailes funk.

               O baile funk, chamado de fluxo, que acontece em Paraisópolis é um dos maiores da cidade de São Paulo, o conhecido baile da DZ7. De sexta a sábado, as pequenas e estreitas ruas da comunidade ficam lotadas e intransitáveis. Carros de som, um mais alto que o outro, mulheres e homens reunidos em uma grande festa ostentando suas roupas de marca e assessórios que dão característica àquela população que ali se encontra.

               Há alguns contrapontos, muitas pessoas se incomodam com o alto som do baile da DZ7, outras com a bagunça que fica nas ruas após o baile, também tem aquelas que se preocupam com a segurança da vizinhança e tem aqueles que encontram nesse espaço uma saída para algum problema.

               Glauber Rocha tem 47 anos e é morador de Paraisópolis. Por muito tempo, se incomodava com o baile que acontece bem na rua de trás de sua casa. Sempre trabalhou como ajudante de obra, trabalho cansativo e maçante, como ele mesmo disse. “Era trabalhar todo dia, posso contar nos dedos os feriados em que fiquei em casa e mesmo assim, o dinheiro era contadinho”.

               Atualmente, Rocha diminuiu sua carga horária de trabalho como ajudante de obra e decidiu investir em uma barraquinha que vende bebidas. “Eu via aquela juventude toda se divertindo, mesmo que me incomodasse, aquilo não ia mudar, eu teria que mudar”.

                Nos bailes funk que acontecem na comunidade, há uma notável quantidade de pequenos comércios que, de outra forma, ocupam aquele espaço. Antes mesmo de chegar nas ruas que acontece o fluxo, as barraquinhas de bebidas e comidas já nos mostram que estamos no caminho certo.

                Uísque, vodca, vinho e energético são as bebidas mais consumidas por quem frenquenta o baile. Foi observando esse fato, que, após 20 anos morando em Paraisópolis, Glauber enxergou a oportunidade de trabalhar naquele local. “Eu fiz um esforço. Vendi algumas coisas que tinha para poder comprar o carrinho e vender as bebidas. Comprei os melhores uísques, porque são esses que vende” conta Glauber orgulhosamente.

                Entre as coisas observadas em Paraisópolis, o que chama a atenção de muitas pessoas que residem lá, é a coletividade dos frequentadores do baile. Dificilmente há denúncias de brigas ou de furtos, diferentemente do que o senso comum imagina.

           Com o crescimento do baile, um grande número de pessoas se locomove de outras comunidades e bairros para frequentar o fluxo de Paraisópolis. Esse fato promove a visibilidade da comunidade, proporcionando mudanças de vida como a de Glauber.

         Conhecida como uma cidade pluralizada, São Paulo abriga em seus 645 municípios muitos segredos. É possível explorar São Paulo, colecionando novas experiências em lugares que fogem da sua zona de conforto.

​© 2016 por Guilherme Franco.

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