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Rua Augusta, sinônimo de Vida Noturna

Por Julia Galhardo

               É impossível dissertar sobre São Paulo sem citar a Rua Augusta. Possivelmente a mais plural das ruas da cidade, já serviu de cenários de filmes e novelas, teve músicas escritas em sua homenagem, hotéis localizados em seu espaço que hospedaram estrelas internacionais como Madonna e Michael Jackson, diversas reputações e rótulos que variam até hoje de acordo com suas transformações arquitetônicas, de serviços, comércio e público. 
               A rua, entretanto, nem sempre foi assim. Em seu surgimento, no ano de 1875, quando ainda chamava-se Rua Maria Augusta, foi parte de uma chácara, cujo proprietário era o português Manuel Antonio Vieira. Naquela época, planejava-se a instalação de trilhos por ela, devido à necessidade de melhorar o acesso à Rua da Real Grandeza, atual Avenida Paulista, onde na época estavam localizadas as mansões dos barões do café. Ou seja, ela seria nada mais que um atalho para a grande avenida. 
               Aos poucos, a Augusta foi se transformando em rua residencial, até se tornar ligação do centro para a zona oeste de São Paulo. Em 1938 foi criado o Plano de Avenidas, para condicionar o fluxo de automóveis e bondes, que estimulavam a vida urbana de São Paulo e seu ritmo. O plano foi determinante para a expansão do tráfego na cidade que, rapidamente, foi causando constantes congestionamentos. É nesse contexto que a Rua Augusta passa a exercer um papel de conexão, por estar no cruzamento de vários bairros, e passou a “aliviar” o tráfego da região central da cidade.
               Anos depois, conforme o comércio da rua foi crescendo, a Augusta se transcendeu de apenas uma linha de ligação de uma região da cidade à outra, para um local com diversos atrativos.  As atividades econômicas por ela começaram a se diversificar e aos poucos surgiram hotéis, bares e grandes lojas. Roberta Almeida dos Anjos tem 68 anos e reside na Rua Augusta desde 1973. Ela conta que logo que se mudou, o lugar era inacreditável. “Tinha de tudo. Mercado, loja, galerias, salões. Era tudo próximo, o que facilitava muito a vida da gente. Foi logo quando me casei e nada melhor do que apenas ter que virar a esquina pra fazer compras”.
               Com a chegada dos anos 80, porém, toda a boa reputação que a rua havia conquistado foi por água abaixo. Esse período foi marcado pela degradação, má conservação e desvalorização dos imóveis da região, além do grande número de prostíbulos e tráfico de drogas. “Era um horror, eu não queria nem sair de casa depois que escurecia porque toda vez dava de cara com alguém usando droga, ou gente te olhando estranho, era assustador”, completa dona Roberta. 


               Quase 30 anos depois, a situação se inverteu novamente. A maior mudança na reputação da rua Augusta sentido centro, que permanece até hoje, começou em 2009, quando empresários de casas noturnas, boates e bares, começaram a se interessar pelo local devido aos alugueis baratos e boa localização, próximo ao metrô Consolação e Avenida Paulista. Proprietário de duas casas noturnas na região e já com planos de abrir uma terceira, Ronaldo Rinaldi Ceron, de 30 anos, é dono da Blitz Haus, uma casa noturna, e do Tex Redneck Bar, um bar-balada com boliche e karaokê. “A Augusta é uma rua com muita história, e sempre foi um sonho abrir um espaço para diversão, dança. Nada melhor do que aqui”, conta o empreendedor. De sonho para realidade, Ronaldo inaugurou a Blitz, que hoje é uma das mais famosas casas noturnas da cidade. “Eu tive sorte que foi um sucesso, realmente arrisquei. Gostei do espaço, das pessoas, e não posso mentir que dos preços”, conclui. Conhecido hoje como Baixo Augusta, o local cheio de bares e baladas passou a atrair um público jovem com certo poder aquisitivo, que incentivava cada vez mais o surgimento de novos bares. 
               Com o crescimento e valorização da região em que se localiza a Augusta, os preços dos imóveis tendem, ainda, a crescer. Anualmente surgem grandes empreendimentos residenciais e comerciais. Dessa forma, toda a transformação de uma rua que hoje é sinônimo de vida noturna, diversão e ponto que desperta curiosidade de quem vem de fora, deixa evidente a marca do desenvolvimento e transformação de São Paulo no processo de consolidação de sua identidade.

​© 2016 por Guilherme Franco.

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